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Que venha 2011 com cheiro de coisa boa.
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Perdoa-me...

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... passante, visitante, querido amigo, querida amiga
por tamanha desatualização.
É que o tempo veste fantasia com garras de leopardo.

Mais alguns dias e poderei voar por aqui novamente....

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Dilma
A primeira mulher presidente do Brasil.

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ELEIÇÕES

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Queria não macular esse espaço, com palavras que possam conduzir pensamentos para as vias da tristeza. A tristeza que fere, pois há tristezas que elevam. Mas esse é um espaço das coisas que possuem significados para mim, importância, relevância. Por mais desânimos habitam em mim, pelas ideologias esquecidas, trocadas, negociadas, não posso fechar meus olhos, ignorar os acontecimentos. Sou educadora. Por isso opino, publicando nesse espaço as imagens abaixo. Que elas sirvam de reflexão para as nossas decisões.
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GREVE DOS PROFESSORS EM SÃO PAULO. O GOVERNO É PROCURADO PARA NEGOCIAR.




JOSÉ SERRA OS RECEBE ASSIM:
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SÃO FERIDOS...

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RESTA A PERGUNTA: É ISSO QUE DESEJAMOS PARA O BRASIL?
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PODEMOS CONCLUIR:
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Matando saudades da intensa poesia de Florbela Espanca

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Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."

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emimesmamento passante...

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E que venha a primavera com o calor doce da pétala da flor a desabrochar por entre a gente....

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Aniversariar...

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Todos nós somos colecionadores de anos. Minha coleção está lá pela metade, segundo as estatísticas. Metade de vida. Minha mãe dizia que essa era a volta da curva...rsrs... Os novos anos que virão têm jeito de completude e poderão trazer suspresas... gosto delas! Gosto do cheiro novo dos novos caminhos. Dos novos sóis que brilharão. De novas sensações, de cada novo jeito que o corpo descobre para perceber, à medida que se modifica. Das novas perspectivas dentro do grande círculo do existir: concêntrico, esférico, facetado. À medida da caminhada, a coleção vai se ampliando, como flores que vão sendo apanhadas, formando um grande buquê. Perfumes diversos, texturas tantas, espinhos em muitas, suaves pétalas em outras. É a minha coleção, particular e ao mesmo tempo compartilhada. A Lya Luft diz que temos todas as idades e nos cabe vivenciá-las todas, sempre que desejarmos. Drummond poetizava dizendo que nosso aniversário é um nascer toda hora. Eu cá comigo silencio e fico pensando números, que parecem não estão tatuados e nem moldam o meu ser, pois aguardo meus presentes como quando era menina e projeto o futuro que se estende ao infinito...
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A beleza de morrer cantando

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Registro em vídeo do último chorinho de Paulo Moura, no hospital, sábado passado, dois dias antes de morrer, quando recebeu a visita de vários músicos amigos que fizeram um sarau de despedida para ele. 
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Quem dera todos nós, pudéssemos concluir nossos dias assim...
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Notícias

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As notícias vão preenchendo as espaços da mente, entre uma prova e outra que se elabora. Umas boas, outras ruins, outras tristes. Todas para se refletir...

Triste:
O escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago morreu na ilha espanhola de Lanzarote, nesta sexta-feira, por volta das 8h (horário de Brasília). Ele tinha 87 anos e, segundo as primeiras informações cedidas por familiares, passou mal após o café da manhã e morreu pouco depois. Ele estava em casa, na companhia da mulher, a jornalista espanhola Pilar Del Río (Fonte: O Globo on-line).

Ruim:
O Sinpro informa que está prestando assistência jurídica à professora que, em ato impensado, amordaçou um aluno porque ele se recusava a obedecer. A professora admitiu que se excedeu e lamentou ter perdido a cabeça após várias tentativas de acalmar o garoto, que é hiperativo, como a própria mãe admitiu.

Sabemos que toda sociedade, com razão, condena o fato, mas entendemos que um erro, mesmo grave, deve ser compreendido no contexto em que ocorre. O Sinpro recebe cotidianamente professores estressados, doentes, desesperados com a falta de condições de trabalho no interior das escolas. Eles se sentem sozinhos na tentativa de trabalhar o respeito e a disciplina em sala de aula.

Os professores, aliás, são os profissionais que mais sofrem com a chamada Síndrome de Burnout, uma doença profissional detectada como uma sensação de “queimar por dentro”, ansiedade proveniente da certeza de se estar “dando murro em ponta de faca”, de que por mais que você se esforce não consegue mudar a realidade das suas condições de vida e trabalho.

Esta professora, por exemplo, já havia sido atendida pelo Sinpro e toma remédios para controlar a ansiedade. Para que não ocorram casos como esse, entendemos que é urgente que a Secretaria de Educação crie uma política de prevenção à saúde. Essa é uma das reivindicações mais caras aos professores, que, quando adoecem, têm que enfrentar a desconfiança da Gerência de Perícia Médica-Odontológica, que muitas vezes força o retorno para a sala de aula de colegas sem condições psicológicas para o trabalho educacional.

Pelo menos para nós que conhecemos a realidade das salas de aula no DF, mais do que ser condenada pela Justiça pelo erro que cometeu, essa professora, com 32 anos de regência de classe sem qualquer ocorrência parecida, necessita de assistência terapêutica. A direção da escola ressalta que ela sempre foi uma excelente alfabetizadora, dedicada a seus alunos. No ano passado, inclusive, uma das turmas em que ela dava aula tirou a primeira colocação em Português no exame do Siade.

Esperamos que esse episódio lamentável leve a Secretaria a entender o sinal de alerta e a buscar uma política preventiva que entende e respeite a delicadeza e a peculiaridade de um trabalho como o realizado pela nossa categoria. E que a sociedade reflita também sobre a parcela de responsabilidade das famílias em ensinar a necessidade de disciplina e respeito por parte dos nossos filhos.

Boa:
O PSDB está com pesquisas recentes que mostram o crescimento de Marina Silva, candidata a presidente pelo PV, principalmente no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Pelos dados, a senadora acreana avança sobre o eleitorado do próprio PSDB, causando preocupação à campanha de José Serra.

http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2010/06/17/tucanos-veem-crescimento-de-marina/
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Pintura Metafísica

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Giorgio de Chirico, Mistério e melancolia de uma rua, 1914.

A última vez que passei em frente à casa, já havia movimento e luzes. O carro na garagem anunciava a volta da família, não de uma viagem de férias, mas do afastamento necessário para descanso dos sentimentos, da ferida que deve ter se aberto quando do susto com o estrondo, ecoando-se em dor.
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É uma casa branca, das que costumam chamar de original, pois são casas construídas pelo governo e entregue às famílias no princípio da cidade, sem reforma e muitas modificações. Há um cipreste já árvore, podada em forma redonda, dentro do quintal com grade na frente. O último movimento que percebi alí, antes dos dias de silêncio absoluto e luzes apagadas, foi o de pessoas na calçada, como que aguardando para entrar. Do outro lado da rua, em frente, havia mais algumas pessoas, num lance de olhos percebi um ou dois fotógrafos. Estranhei. Chovia fino, dessas chuvas retardatárias já em época de seca, não esperada. A expressão triste e pensativa das pessoas, o silêncio, a sombra da noite, as luzes dos postes, o movimento lento, mas constante dentro da sala da casa, a chuva fina caindo.... ficou aquela cena em minha mente. Breve e densa, como um silêncio eterno ensurdecedor. Grito abafado, lágrima que arde nos olhos, mas não rola na face. Tempo feito de cristal opaco. Uma pintura Metafísica.
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Dentre todas as especulações, a tida como verdade: ele tinha quatorze anos, estava com o irmão e outros cinco meninos e meninas em sua casa, observava a brincadeira do grupo com uma arma e recebeu o tiro. O irmão e ele estudavam à tarde, na mesma escola para onde eu seguia à noite para ensinar sobre essas coisas de arte, quase como essa que eu vesti meus olhos por instantes, sem as colunas gregas, enquanto passava em frente a sua casa.
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Enquanto discute-se sobre o enriquecimento de urânio, sobre a industria bélica, o tráfico, a lei do desarmamento, meninos de dezesseis anos mexem com armas e são presos.
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O menino de quatorze anos, com seu uniforme, foi estudar arte no céu.

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Homenagem

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                             Há uma Brasília silenciosa
                             Que não cabe na outra poesia
                             Não cabe na alegria 
                             Nem na comemoração. 
                             Uma Brasília de operários soterrados,
                             Em meio à construção.
                             De corpos de prostitutas 
                             A servir uma multidão.

                             Essa é uma Brasília que fica
                             Por trás das curvas de Niemeyer,
                             Do traçado de Lúcio Costa,
                             Do riso largo de JK.
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Da segunda à penúltima imagem, apropriadas do filme de 
Wladimir Carvalho, Companheiros velhos de guerra,
por Ailton do Almo.
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Sentidos da Paixão

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Desde ontem, por coincidência ou não, deparo-me com imagens que tratam da paixão. Pensando nos seus sentidos e relacionando à Paixão de Cristo, tão encenada e por vezes tão sem nada, nesse dia mostro-as abaixo e deixo em aberto seus significados e reflexões, que em mim, por hora, silencia uma certa dor. Dor de paixão. Apaixonada, não?
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Desenho feito com sumo de pétala de rosa e bordado sobre tecido; aroma de rosa; caixa de acrílico 13x13x2,6cm (cada). Baseados em depoimentos de adolescentes (12 a 17 anos) internados em instituições por infringirem as leis. Da série "...minha mãe tem o perfume doce da rosa..."
- 2000/2009 - detalhes. 
Da artista plástica contemporânea Rosana Palazyan.
Abaixo o vídeo/animação de Jan Svankmajer.
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Missiva eletrônica

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(...) entre uma e outra grande baforada de calor desbravei na semana passada novos lugares, pessoas e cheiros em João Pessoa formando uma experiência interessante, em especial porque a cidade se apresentou aos meus olhos pelo campus da universidade com todas as contradições que esse Brasil possui: pessoas orgulhosas por pertencerem ao espaço público e gratuito do Ensino Superior discutindo sobre acesso à informação e inclusão digital da sociedade em geral, sem que seus professores e alunos tenham, no entanto, redes abertas para wireless ou biblioteca equipada com cadeiras limpas e/ou computadores para serem utilizados; mas a faculdade de Direito dispõe de ar condicionado e paredes limpas de um prédio recém construído... parece que o recado político do Estado é dado por essas brechas de infraestrutura dizendo que alguns cursos são mais importantes que outros para se produzir conhecimento... os professores eram simpáticos e traziam lá suas idéias fundamentadas nas leituras diversas que eu me esforçava por aprender e seguir o convite da nova lógica. O desafio, por vezes, instigava, por outras inquietava e sussurrava pedindo paciência para que eu conseguisse manter os passos adiante. Por lá não há um restaurante universitário, mas os quiosques espalhados pelo campus adaptam self service em meio às árvores. A macaxeira é garantida, a falta de higiene também, mas o sotaque marcado dá o ar da graça nordestina.
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O hotel tinha wireless com conexão lenta, cama grande, colchão bom, ampla janela virada para o mar, mas com meu quarto no segundo andar do prédio o som da rua chegava saltitante aos meus ouvidos. Os tetos altos dos quiosques e as árvores longas do calçadão atrapalhavam o visual antes ofertado pelo janelão do Othon Hotel. Usava as frestas das copas movidas pelos ventos e deliciava-me com os ângulos do mar que se deixava ver por alguns instantes. A briga com a temperatura ideal do ar condicionado que ficava com a boca virada para cama e meu corpo consumido pelo cansaço, ensurdeciam meus tímpanos e davam ao meu sono o nocaute certeiro para adentrar a noite.
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Dia e noite o calor consumia meu corpo. A alma alerta às elucubrações das diferenças entre ética e moral na profissão daqueles que lidam com informação exigia o restante da energia guardada, sobrando pouco ânimo para caminhar pela noite e/ou pela manhã - antes das palestras do simpósio que começava às 9h. A viagem não foi a turismo e, talvez por isso mesmo, deixou um gostinho de frustração por não explorar o trecho e, a um só tempo, provocava a tentação de mudar os planos e usufruir um pouco mais da cidade, ou pelo menos das águas de Iemanjá que só me molharam os pés às 7h da matina – aliás, horário também abrasivo que se assemelhava ao sol das 10h.
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De qualquer forma, me parece que justamente por todo esse incomodo com calor, geografia, comida e novas idéias se remexendo na minha cabeça é que fiquei com essa impressão da necessária batalha diária que é estudar e/ou trabalhar na Paraíba... por mais que reclamemos das condições de Brasília... a realidade de lá, nos faz repensar o quanto esse Brasil precisa de Justiça para se chamar de Democracia...
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Um beijo grande, Li.
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Quando recebi essa mensagem, senti saudades de quando escrevia e recebia cartas. A presença do outro, do selo às letras grafadas, completavam o prazer de receber notícias e de ter mais próxima aquela pessoa querida. Já escrevi e recebi boa quantidade de cartas pela vida e hoje isso ocorre raramente, pois as notícias seguem para lá e para cá via correio eletrônico. Dizem que as mensagens devem ser breves, objetivas, para não tomar muito tempo de quem lê, devido às atribulações cotidianas. Eu cá não concordo muito. Já temos muitas perdas sensoriais com a virtualidade, é gratificante receber um texto, uma mensagem onde possamos enxergar a pessoa e vivenciar momentos de leitura prazerosa. Nesse caso é uma crônica, crítica, mas com cheiro de poesia. Compartilho com alegria.

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Elizângela Carrijo é historiadora, artista e acima de tudo amiga.
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Puta dor

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Computa

Com

Puta

Dor

Computador

Com

Puta
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Clarice

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"Vida é o desejo de continuar vivendo
e viva é aquela coisa que vai morrer.
A vida serve é para se morrer dela."

Clarice Lispector, nas paredes do ccbb.
Ficou isso em mim e as gavetas.
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Olhai o arco-íris...

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Mesmo que estejam nossos olhos embotados
por placas, carros, poluição,
tristezas, dissabores, decepção,
desmoranamentos, tremores, vidas que vão,
cansaço, correria, amendrontação,
Arruda, Roriz: corrupção!
Olhai o arco-íris no céu,
no fim da tarde que ainda chove,
abençoada água que nos envolve
e lava nossa alma
nos traz calma,
para continuar as batidas do coração.
Vida, então!
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Silêncio Lápis-lazuli

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E se pudéssemos voar montados nas costas de uma Libélula?
São desejos delicados de corpos pequenos, sumidos, quase poeirinha,
coisa meio polegalizante que às vezes se tem.
Mas de poder absoluto.
Descobridores de segredos...
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Lampejo poético num dia de saudade...

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Tocar sua alma.
Atravessar pele, poros e seixos de ti.
Embrenhar-me em você é
Desvendar caminhos que conduzem ao céu.

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Rosa de pedra

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Forte.
Delicada.
Ser assim nos recomeços.

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Reencontros poéticos

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FÓRMULA
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Precisamos de profundidade.
Aos poucos ficamos
largura x comprimento =
superfície.
O sol sobe e desce no céu
e ninguém adivinha o milagre.
O garfo sobe e desce na boca
e ninguém alcança transcedência.
Usamos vestidos brancos
e flores na cabeça.
E pisamos nossos mortos
esquecidos da humana primavera.
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Conheci esse poema em 1989 e por longo tempo afinou com minhas idéias a respeito do nosso estar no mundo, distanciados da nossa essência e da natureza. Os ritos que superficializam nosso cotidiano. A poeta Gilka Bessa é  de Goiânia e esse poema está no livro Câmara lúcida. É um livro bonito com fotos da Rosary Esteves que ilustram os poemas. As imagens impressas em papel granulado semi brilho, ficam embaixo dos papéis de seda onde estão impressos os poemas que seguem muitas vezes o contorno das imagens. Em época de tanta virtualidade, manusear esse livro já é um modo de retorno à nossa "humana primavera".
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